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domingo, 6 de abril de 2014

AMIZADE: UM SONHO A DOIS

Muitos poetas, escritores clássicos, pensadores orientais, filósofos, religiosos e humanistas dissertaram sobre o que é a verdadeira amizade, conceituando-a, apontando-a.


Mas poucos compuseram caminho tão acertado para mostrar como adquirir um bom amigo, e principalmente para conservá-lo, quanto o grego Pitágoras.

Eis os seus “mandamentos”: “Escolhe para amigo o homem melhor e mais virtuoso. Obedece aos seus doces conselhos e segue-lhe o exemplo salutar. Esforça-te, tanto quanto possas por não te desviares dele por qualquer pequena falta”.

Quanta prudência revela esse primeiro conselho! Certamente é um grande investimento que dá retorno logo em curto prazo. É o negócio mais lucrativo que se possa fazer: adquirir amigos entre os melhores. Pois não se pode ser bom sem boas influências. E se o mal influencia de modo tão determinado um ser humano, o bem também pode fazê – lo.

Porque, então, não querer e não seguir conselhos sábios de um amigo fiel que só deseja nosso bem?
Sobre o último mandamento há de se notar que não se joga um tesouro no lixo simplesmente porque ele caiu no chão; sempre é possível se abaixar para reerguê-lo; do mesmo modo, sempre existe a chance de - se for preciso - se humilhar e perdoar qualquer pequena ofensa do verdadeiro amigo, indo ao seu encontro para levantar sua auto-estima.

Quando há real amizade entre os homens, não existe também mais lugar para o “meu” e o “teu”, tudo é partilhado no “nosso”. É pela doação ou, melhor traduzindo, o amor como “oferta de si” que se atinge a felicidade duradoura e não somente a aquisição de “momentos felizes”. Isso porque o homem é um ser aberto à comunhão (entendida como “união em comum”) por sua própria natureza. Como diria o poeta: “o amor é relação”.

Não é por menos que a filosofia personalista se preocupou tanto com as implicações filosófico-sociais dessa relação “eu-tu”. E. Mounier, maior expoente dessa corrente filosófica, afirma com muita propriedade : o “eu não existe, senão na medida em que existe para o outro, melhor dizendo, SER é AMAR”.

Uma das características essenciais da amizade é a “confiança”. “É amigo aquele a quem podes comunicar, sem medo, todos os teus pensamentos”, diz o axioma de Santo Agostinho. É claro que a confidência só brota de dois corações que não têm reservas entre si, não se antagonizam, mas se integram, complementam-se; apesar da diferenças.

Essa confidência gera um conhecimento mútuo crescente, uma intimidade. É o momento em que o coração de um amigo navega pelo do outro para se deleitar na sede de verdade dele, e vice-versa. É a verdade, a sinceridade de coração que anuncia a fidelidade que perdurará no relacionamento.

É certo, portanto, que conquistar um amigo íntimo é batalha diária. Só com a mentalidade semelhante a de um parceiro num casamento que desejar sempre e em primeiro lugar a felicidade do outro e não de si mesmo de modo interesseiro, egoísta, é que se alcança a harmonia e a fortaleza de um relacionamento que nem a morte faz esquecer.

J. Carlos Jr. e Filipy Alves
Stanislaw Azir e Filipy Alves

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