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sexta-feira, 4 de julho de 2014

PRIMEIROS OLHARES SOBRE A ESCOLA

FICHA DE LEITURA
FICHAMENTO TOPICALIZADO




DAYRELL, Juarez Tarcísio. A Escola como Espaço Sociocultural






PRIMEIROS OLHARES SOBRE A ESCOLA

  • O autor, Juarez Tarcísio Dayrell, afirma que o olhar sobre a escola deve se fundamentar sob a ótica da cultura. Ela é um espaço sócio-cultural dinâmico que se faz no devir do cotidiano, com sujeitos sociais e históricos variados. Esses são os atores da historia.
  • Antes da década de 80, a instituição escolar era pensada nos moldes das análises macro-estruturais, sob "teorias funcionalistas" (pensadas por Durkheim, Talcott Parsons, Robert Deeben) ou então sob "teorias da reprodução" (Bourdieu e Paresson; Baudelot e Establet; Bowles e Gintis), ambas voltadas mais para o determinismo das classes sociais sob as exigências capitalistas.
  • Em 1980 surge uma nova vertente dos novos movimentos advindos das ciências sociais que tenta converter o quadro anterior e superar o conhecimento dualista da dicotomia criada entre homem-circunstância, ação-estrutura, sujeito-objeto. É um novo humanismo entendendo que a natureza e a sociedade são empreendimentos humanos, humanizáveis e humanizantes.
  • As autoras Szpeleta e Rockell em 1986 privilegiam em suas análises a ação dos sujeitos, na relação com as estruturas sociais em confronto: organização oficial do sistema escolar versus sujeitos reais e cotidianos a ele subordinados.
  • Esses sujeitos não devem ser agentes passivos na “construção” da escola.   Não se constrói a fundação escolar de cima para baixo. A democracia exige que a base popular erija o futuro.
  • Existem processos sociais diversos no ambiente escolar: reprodução das relações sociais, criação e transformações de conhecimentos, conservação ou destruição da memória coletiva, controle e apropriação da instituição, resistência e luta contra o poder estabelecido.
  • Nesse sentido, a escola é compreendida sob duas dimensões heterogêneas: institucionalmente (normas e regras para unificar e por limites nas ações dos sujeitos) e cotidianamente (com uma trama de relações sociais, alianças e conflitos, transgressões a regras e acordos).
  • É próprio da escola atual reproduzir os ensinos tradicionais (a repetição do velho), mas nota-se que há grande probabilidade de utilização de novos métodos (a multiplicação do novo).
  • Professores vivem angustiados com as dificuldades encontradas com a logística de seu trabalho.
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  • OS ALUNOS CHEGAM À ESCOLA
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  • Há um ritual na chegada dos alunos à escola, uma ritmificação de sonoridade que ecoa por meios dos gritos, conversas paralelas e movimentação na vizinhança.
  • No momento do acesso dos alunos à dependência da instituição, o autor percebe uma grande interação entre eles que promove um ambiente descontraído; só que o mesmo não acontece dentro das salas de aula.
  • Na hora do intervalo nota-se a diversidade cultural dos jovens sob vários aspectos: tamanho, raças, atitudes...
  • A estrutura física da escola demarca seus objetivos implícitos, ou seja, excluir os alunos de sua realidade, pois os sujeito ao invés de se deparar com um lugar familiarizado, eles são submetidos a se deparar com muros altos de aparência “pesada” que desestimula a aprendizagem .
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  • A DIVERSIDADE CULTURAL
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  • Dayrell norteia sua análise segundo as questões: “Quem são os jovens alunos?”, “O que vão buscar na escola?”, “O que significa para eles a instituição escolar?”,  “Qual o significado das experiências vivenciadas no espaço-escola?”.
  • Os jovens inseridos na escola são em geral alunos de baixo nível social que almejam ou não uma ascensão social.
  • Esses sujeitos se prendem a uma promoção que se prova insuficiente: "passar de ano".
  • Para a instituição escolar, aluno significa apenas um "objeto" para o qual professor deve cumprir cronogramas anuais. Transmite-se os conteúdos a esses objetos e eles têm a obrigação de aprendê-los (de cor).
  • O projeto político-pedagógico não possui sua função definida, visto que não são considerados os aspectos culturais e sociais dos sujeitos.
  • A escola compreende os alunos com uma ideologia homogeneizante, estereotipando a pluralidade. Todos os alunos são “uma coisa só”.
  • De fato, cada discente quando inicia sua vida escolar traz consigo uma bagagem de experiências sociais que devem ser estimuladas e preservadas.
  • Para o autor, são por meio dessas experiências de vida que os jovens estabelecem sua identidade cultural.
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  • AS MÚLTIPLAS DIMENSÕES EDUCATIVAS DO ESPAÇO ESCOLAR
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  • A escola tem de atender um diversificado público em diversos turnos.
  • O ambiente escolar não propicia o aprendizado. Isso é devido também a uma arquitetura isolada e escura.
  • A própria concepção de “ser escola” é distinta entre instituição e alunos. Cada um a entende de um jeito diferente.
  • Os alunos conceituam esse ambiente como local de ponto de encontro em que vão ter contato com seus pares e desfrutar dos serviços oferecidos pelas merendeiras.
  • Na instituição existem ambientes ociosos que propiciam as transgressões do alunado.
  • A escola visitada pelo autor em sua análise não sinaliza nos seus espaços o prazer por aprender. Os muros são frios e não existe comunicação visual, só existe um cartaz que convida para festa. Toda escola deveria bem utilizar esses espaços para promover melhor o conhecimento.
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  • A ARQUITETURA DA ESCOLA
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  • A estrutura física é um elemento não-neutro, pois retrata sim, de forma proposital, a demarcação de comportamento dos seus usuários, interferindo na forma de circulação, com corredores extensos que levam até a sala.
  • O espaço escolar foi construído de maneira que isola os alunos do espaço exterior. Muros altos são erigidos, mas não impedem nem a violência de entrar, nem o conhecimento de sair voando pelas janelas.
  • Toda essa arquitetura tem sido construída para conduzir os alunos diretamente às salas. E a sala de aula tem sido o único lócus da educação.
  • Apesar disso, os alunos se apropriam do espaço recriando novas formas de acordo com suas vivências sociais. As mesas se tornam arquibancada, as cadeiras são palcos, os birôs são palanques.
  • Da parte da escola não há conscientização sobre a importância do cenário educacional nem a importância da analogia pedagógica.
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  • A DIMENSÃO DO ENCONTRO
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  • A escola é em essência um espaço coletivo que é organizado para promover as relações grupais.
  • Existe uma duplicidade de papéis vivenciadas pelos jovens. Isso é percebido pelo autor no momento em que ele adentra a instituição. O comportamento do aluno tende a mudar em torno do rito de transição de fora para dentro das instalações.
  • A escola não incentiva o encontro à interação entre seus pares, que fica suprimida pelo pouco tempo no intervalo.
  • Nas salas de aulas eles se encontram formando subgrupos que irão se relacionar apenas por um ano. Eles elaboram suas trajetórias de interesses e culturas que dividem o mesmo espaço.
  • A sala de aula nos faz refletir sobre as experiências de convivências em que prevalecem as diferenças.
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  • A DIMENSÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA
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  • É sabido hoje que na sala de aula a concentração dos alunos dura em média 10 minutos. Após as instruções da professora, a turma desfoca e age de maneira alheia ao momento de aprendizagem.
  • Existe barulho na sala e a professora não toma iniciativa de repreendê-lo para que centralizarem na aula. Isso é comodismo profissional.
  • As aulas têm sido monótonas e não despertam a atenção da turma.
  • Até têm alunos bem comportados, mas pouco interessados.
  • Nelas existem papéis bastante definidos entre professor e aluno.
  • Recebem turmas diversificadas, mas em suma, bagunceira e fracas.
  • Não há um processo de aprendizagem elaborado. Esquece-se a verdadeira dimensão educativa da pedagogia: momentos de encontro, da afetividade, do diálogo.
  •  Enfim, fica claro as enormes dificuldades por que passa a escola brasileira.         A realidade vivida na experiência do autor não é única, mas representa bem o contexto geral.    A escola não condiz com os anseios dos alunos. Mas, ainda assim, pode e deve aprimorar as habilidades humanas nos alunos. 

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