Translate

sexta-feira, 4 de julho de 2014

O Desafio da Qualidade da Educação. ANÁLISE 2


FICHAMENTO TOPICALIZADO

VASCONCELLOS, Celso dos S.


  Falar em qualidade da educação é alvo de paixão  e incertezas, pois não se sabe
em sentido absoluto definir o que é qualidade e qual o  parâmetro  a ser tomado como modelo.
é comum buscar bodes expiatórios para as falhas do sistema educacional.
  A  repetição  de  erros  e  a  ineficiência  dos  órgãos  responsáveis  por  cuidar  da
educação  geram  um  clima  que  vai  da  descrença  ao  desânimo.  Uma  fadiga  se  instaura  e  os
modismos que prometem soluções crescem como o mato em redor da grama.
  As  reações de revolta  não  são  suficientes para promover a mudança necessária
e se espalham como fogo que consome a palha, mas que não dura.
  A  negação  da  educação  aos  mais  pobres  é  um  crime  contra  a  humanidade
inteira e contra a natureza essencial dos indivíduos: todos têm o direito ao conhecimento, de
saber a verdade, de entender o mundo e a si mesmos.


NECESSIDADE DA VISÃO EM CONJUNTO




  Existe  uma  tendência  de  avaliar  a  situação-problema  partindo  de
particularidades e não observando o todo da questão: é a síndrome do cobertor curto.
  Não  é  a  competência  cognitiva  dos  alunos  que  está  em  jogo.  Eles  podem
aprender, eles conseguem, só que  não encontram as condições necessárias dignas ao ser aluno
e  estudante,  sobretudo  em  relação  ao  ambiente  e  aos  moldes  de  educar  advindos  dos
professores, dos institutos de ensino e do governo.


QUALIDADE E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS



  Hoje  tem discurso para desculpar todas as falhas da educação. Um deles é de
que  recursos  existem,  mas  não  são  bem  geridos.  É  balela!  A  quantia  devida  à  educação  é
motivo de vergonha para um país tão rico como o Brasil, sexta economia do globo.
  O sucesso na atuação dum professor depende e muito substancialmente da ação
política  de  gestão  educacional  fora  das  salas  de  aula.  Não  dá  para  ir  culpando  só  os
professores pelo fracasso da educação.
  O  desmonte  histórico  (verdadeiros  espólios  em  época  de  paz)  e  a  cultura  da
corrupção (disseminada  não  só no congresso e no Palácio do Planalto)  são  os dois maiores
inimigos do alunado brasileiro.


FENÔMENO RECENTE?


  O fracasso escolar não é fenômeno recente na historia do país
  Ironicamente  a escola para ricos foi feita para  não  funcionar, pois é lucrativo
para essas instituições particulares de ensino que seus “clientes” lhes sejam dependentes.



PROBLEMA SÓ DA ESCOLA PÚBLICA?


  Já  há muito tempo, a classe dominante não  permite que as classes dependentes
se tornem autônomas. E quando oferta algum benefício é para dar com uma mão e retirar com
a outra. A prática que promanam é de excludente.
  Não  raro os alunos de escolas particulares têm ocupado os últimos  lugares nas
avaliações nacionais do PISA e OCDE.
  Os  colégios  particulares  não  têm  os  melhores  alunos  porque  formam  os
melhores  alunos,  mas  porque  escolhem  previamente  para  suas  fileiras  os  que  têm  melhor
desempenho  escolar,  e  com  posses  materiais  suficientes  para  bancar  uma  educação  “cara”
segundo o patamar da maioria.
  Há  sim  colégios  particulares modelos para as escolas públicas, mas  são  as que
adotam uma linha de frente progressista.


FETICHE ESCOLAR



  Nem  sempre  o  professor  compreende  com  clareza  as  imensas  dificuldades
porque passa a educação e as relações causais do fracasso escolar.
  A  análise  mais  crítica  da  realidade  educacional  mexe  com  os  valores,
representações  mentais,  visões de mundo,  emoções, mitos, sentimentos enraizados,  tensões,
lutas, movimentos, práticas superadoras dos atores desse drama real.
  Mitos,  preconceitos  mais  arraigados  e  os  discursos  ideológicos  são  os
pressupostos implícitos e assumem o comando no caso de desorientação e turbulência.
  Isso  não  é  uma  propriedade  apenas  da  macroestrutura.  Está  no  âmago  do
indivíduo.
  O  primeiro a praticar o  exercício  de critica da realidade é o  próprio  professor.
E não deve fazer de ouvir falar. Ele mesmo tem de ser o protagonista da sua evolução.
  O  fracasso  na  estrutura  tradicional  de  ensino  é  colocado  muitas  vezes  como
resultado natural de uma seleção dos melhores, dos mais sucedidos. Percebe-se imediatamente
o conteúdo intencional excludente desse sistema.
  É  preciso  muita  coragem  para  denunciar  a  bagunça  por  que  passamos  e
disposição para ver a realidade e ainda ter forças para sonhar e construir o novo.


CAUSAS DA BAIXA QUALIDADE



    A  grande dificuldade de se compreender é o reducionismo, o alheiamento da
totalidade.
  As  hipóteses  para  explicar  a  não  aprendizagem  dos  alunos  vão  desde  o
desmonte  social,  passando  pelo  desmonte  material  e  simbólico  do  sistema  de  ensino,  o
desmonte objetivo e subjetivo do professor, o  currículo  escolar intrucionista até a avaliação
classificatória e excludente.


COMO SAÍMOS DESTA?



  Aprendamos  com os  africanos: é preciso mudar  pessoas e estruturas. Toda a
sociedade deve se mover para cuidar ensinando e ensinar cuidando de uma só criança.
  As  exigências  básicas  externas à escola são: formação inicial e continuada do
professor; salário, concurso e plano de carreira; melhores  condições  de trabalho; colaboração
das  famílias  na  formação  das  crianças;  valorização  da  escola  e  de  seus  profissionais  pela
sociedade e pelas famílias.
  Exigências  internas às escolas:  Revisão  das práticas e posturas profisssionais
do professor. Ele atua no  âmago  do processo de ensino-aprendizagem e tem interesse pessoal
na  mudança.  Está  em  todo  lugar  (capilaridade,  poder  de  rede)  e  pode  agir  intencional,
sistemática e coletivamente.
  Para  mudar é preciso querer, mas para querer, a vontade precisa ser cativada,
incitada. Um sujeito curioso nasce  também  quando entra em  contato com o novo,  como as
grandes obras pedagógicas.
  Para  que  o  aluno  aprenda  são  necessárias  seis  exigências  (Teoria  DialéticaLibertadora  do  Conhecimento):   Capacidade,   Conhecimento   Prévio,   Acesso   à
Informação,   Querer,   Agir   e   Expressar
  Enfim, precisamos  o quanto antes de uma forma de educar que privilegie mais
o humano não pondo  o número acima das pessoas, com  humildade, com menos ingenuidade,
com mais  consciência  crítica, observando a lógica maior que devemos  seguir: uma formação

humana e humanizante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário