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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Fichamento topicalizado do texto: PARÂMETROS CURRICULARES: Língua Portuguesa. Brasília, 1997. P. 19-3



Caracterização da área de língua portuguesa




INTRODUÇÃO
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O ensino de Língua Portuguesa está no centro da discussão sobre a melhoria da educação no país desde os anos 80.

·         O cerne do problema do Ensino Fundamental está justamente no quesito leitura e escrita, ou seja, o letramento e alfabetização. 
·         O autor chama de gargalos os dois períodos mais críticos da experiência estudantil: o fim da primeira série e a quinta série. O primeiro pela dificuldade em alfabetizar. O segundo pela dificuldade em usar a linguagem eficazmente.
·         Hoje, por conta da dificuldade dos universitários entenderem o que leem, têm-se focado mais nos vestibulares as questões dissertativas, de escrita e de interpretação. Até mesmo a nota aumenta se o aluno se der melhor nessas questões que nas de múltipla escolha.
·         Reorientação curricular e projetos de formação de professores são as praticas mais comuns para revisão das praticas tradicionais de alfabetização inicial e ensino de língua portuguesa.
·         A causa do fracasso escolar nos anos 60 estava no próprio aluno. Pelos menos era essa a opinião geral. A solução parecia investir em mais exercícios de prontidão.
·         Já em 80, choveu lançamentos de artigos, livros e pesquisas que deslocavam o foco não na questão de como se ensina, mas de como se aprende. O trabalho psico-pedagógico mais importante foi intitulado de “Psicogênese da língua escrita”.
·         Procurou-se compreender as razões do fracasso escolar dos mais pobres. Conclusão: as crianças mais abastadas participavam mais de atividades sociais que exigiam mais o uso da escrita. Eis a razão de sua vantagem.
·         Mesmo assim, ficou provado com o tempo que as crianças em geral têm um conhecimento prévio à escola, sejam elas pobres ou ricas. Esse conhecimento vem da própria vivencia familiar. Comprovou-se que elas sabiam muito mais do que parecia.
·         Alfabetizar-se não é olhar e decorar. Não é só ler gráficos da linguagem, mas chegar a entende-la a partir dos conceitos, segundo a lógica da comunicação.
·         Os exercícios de prontidão e o silabário da cartilha foram duramente criticados.
·         Entrou em campo ciências como a psicologia da aprendizagem, psicologia cultural as psicologias da linguagem: psicolinguística e sociolinguística.
·         É mais frutuoso a leitura escrita com compreensão ativa que a decodificação e o silêncio subserviente.
·         O foco de fala e escrita deve estar no texto, não na sílaba, não na correção do conteúdo produzido pelo aluno.
·         É preciso pensar sobre a linguagem para reproduzir a linguagem no formato escrita.
·         A tecnologia não destrói a escrita, antes a escrita é condição para o indivíduo socializar-se.
·         Infelizmente ainda os chamados “filhos do analfabetismo” (filhos de analfabetos) têm acesso aos estudos mas não sucesso significativo da ascensão social.


Linguagem e participação social
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  • É dever de toda a sociedade abrir caminho aos mais novos cidadãos de poderem exercer bem sua função social através do acesso aos saberes linguísticos e culturais necessários.
  • ·         A função essencial do letramento é formar em cada aluno a capacidade de tornar-se independente, um ser autônomo, que saiba fazer por si mesmo uma leitura de mundo, a partir da leitura de uma variedade grande de textos e produzi-los, além de poder assumir a palavra, emitir opinião.



Linguagem, atividade discursiva e textualidade




  • ·         A linguagem é uma atividade dialogal entre sujeitos históricos e com interesses específicos que perpassam classes e grupos sociais
  • ·         A língua é para dar significado ao mundo e à realidade.
  • ·         Linguagem e pensamento não são tem a mesma identidade. Este cria esta. Mesmo assim, ela o representa. São inseparáveis.
  • ·         Toda linguagem humana é intencional e se liga à realidade dos sujeitos, que pode ser recriada e repensada.
  • ·         Enquanto se fala, aprende-se a falar.
  • ·         Ao fazer linguagem o homem se comunica e ao se comunicar ele busca criar discurso, ter o que dizer, a quem dizer, como dizer.
  • ·         Muito da linguagem tem conteúdo inconsciente, mas sempre é intencional.
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APRENDER E ENSINAR

Língua portuguesa na escola

  • ·         Os protagonistas da aprendizagem são: aluno, língua e ensino.
  • ·         O aluno é o sujeito. A Língua Portuguesa é o objeto do conhecimento. O Ensino é o mediador (prática educacional).
  • ·         O ato de aprender não é cem por cento espontâneo. Isto quer dizer que o professor sempre será um elemento necessário ao aprendizado.

Diversidade de textos
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  • Para atender à demanda sempre crescente por textos dos mais variados, exige-se da escola que trabalhem com textos mais cheios de vida e menos técnicos e canônicos


Que fala cabe à escola ensinar
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  • Apesar das muitas variedades de dialetos no Brasil, ainda há muito preconceito.
  • ·         Esse preconceito existe por conta de duas crenças ou mitos:
  • 1.        De que existe uma só forma certa de falar – a que se parece com a escrita.
  • 2.       Que a escrita é o espelho da fala – é preciso consertar a fala para ensinar a escrever melhor.
  • ·         Saber qual a forma mais adequada de falar num determinado contexto. Eis o que verdadeiro método. Não se trata de falar certo ou errado, mas de falar certo para aquele contexto, ou errado para o mesmo contexto.
  • ·         A correção da forma é menos importante que o poder de comunicação que aquele discurso tem. O importante é produzir o efeito pretendido.
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Que escrita cabe à escola ensinar



ALFABETIZAÇÃO E ENSINO DA LÍNGUA


  • ·         Sempre se considerou que o ensino da língua portuguesa tinha por missão duas tarefas: alfabetização e estudo específico da língua.
  • ·         Na alfabetização: sistema alfabético de escrita (correspondência fonográfica) e convenções ortográficas.
  • ·         No estudo da língua: exercícios de redação e treinos ortográficos e gramaticais.
  • ·         O autor de um texto, de um discurso, não é sempre aquele que o pôs por escrito. Uma coisa é o que o dita, outro é o que o transcreve.
  • ·         O discurso é um recurso tanto da fala quanto da escrita. Eles não são idênticos sempre. Não são réplicas exatas um do outro.
  • ·         É um erro pensar que o ensino do be-á-bá é a única forma de aprender uma língua.
  • ·         Aprender o alfabeto não dá o poder de compreender e produzir textos escritos. É preciso muito mais.



O TEXTO COMO UNIDADE DE ENSINO

  • ·         A escola desde há muito tempo utiliza textos metalinguísticos, auto-reflexos, para ensinar a ler que não fazem mais que entediar os pequenos e ávidos leitores.
  • ·         São curtos demais, frases, na verdade. Não chegam a formar texto, ou não são textos que imponham desafio á sede de saber, à curiosidade.
  • ·         Deveriam em vez disso fazer uso de textos ecléticos, que não fossem apenas cartilhas.
  • ·         É preciso dar ás crianças textos de qualidade, mais complexos e daí ir fazendo as inferências, interpretações.



A ESPECIFICIDADE DO TEXTO LITERÁRIO

  • ·         A literatura não é copia do real, puro exercício da linguagem, mera fantasia.
  • ·         Sua relação com real pode ser indireta, mas só enquanto se apropria dela para recriá-la e transgredi-la, por vezes.
  • ·         A literatura, por isso, está recheada por jogos de aproximações e afastamentos do real.
  • ·         Características essenciais da literatura.
1.        Invenções de linguagem
2.       Expressão das subjetividades
3.       Trânsito das sensações
4.      Mecanismos ficcionais
5.       Procedimentos racionalizantes
6.      Referencias indiciais
7.       Citações do cotidiano.
·         Não é propriedade da literatura ou da leitura literária ensinar:
1.        Ensinar boas maneiras
2.       Hábitos de higiene
3.       Deveres dos cidadãos
4.      Normativas gramaticais



A prática de reflexão sobre a língua
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  •    O estudo da linguagem ( a análise linguística) gera reflexão , que é a capacidade de produzir e interpretar textos com destreza.
  •    Dois são os modos de refletir sobre a linguagem: epilinguístico e metalinguístico.
  • O epilinguístico está voltado à reflexão do que é cotidiano, próprio da experiência sensorial extra-texto.
  • O metalinguístico é aquele que vai ao próprio sistema linguístico para lhe categorizar, descrever, sistematizar.
  • ·         A gramática precisa deixar de ser elemento exclusivo do ambiente escolar e fazer parte da vida das pessoas. Ela foi feita para os homens, não os homens para ela. 

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