Ouço o batuque do tambor vindo das ladeiras da minha cidade, são as pessoas que o tocam, que compartilham a alegria com as crianças. E como é belo ver essa gente do morro sorrir, brincar numa roda de capoeira! É pura cultura e fantasia! Esse misto de jogo, luta e dança que encanta, e estimula o aprendizado.
Na roda de break o jovem se libera, enche enche-se de expressões e passa ao público a harmonia entre história e cultura popular, são dessas manifestações que eu quero que ganhe respeito, porque é preciso valorizá-las.
Essa cultura liberta a infância das crianças, mas não raro é por vezes desvalorizada. A mídia realmente conseguiu fazer com que os bairros onde existe esse lindo desconhecido não tivessem vez a nosso ver, e dessa vez eu me pergunto: aonde foi parar aquelas crianças cheias de fantasia e entusiasmo? Ficaram paradas em frente a uma TV vendo coisas desinteressantes que levam a um rumo de vida ruim? Aonde foram parar ?
Maceió é pequena, mas nem tanto assim; sua cultura não é apenas um toque de um pandeiro que chama os turistas: Maceió é nossa casa, é nossa cidade! Vários jovens no sinal dançando para chamar atenção de pessoas que nem se importam, mas por quê não se importam? Será que elas não veem o quão rico é o saber desses jovens, que fazem a dança com tanta alegria, que passam sorriso e proliferam respeito no ritmo da canção?
Apenas saber dessas culturas alheias e ao mesmo tempo tão nossas não é suficiente.
Muitos sabem mas não divulgam elementos tão densos, tão fortes, tão agregadores. Acabam passando o mais ralo, o mais raquítico. Trocam o substrato pelo bagaço. Culpa da mídia.
A cultura virou coisa de rico, de burguês, porque na visão deles é sinônimo de coisa cara, dispendiosa. Cultura popular, a roda de hip hop, de break, coco de roda, free style não é tão cultura quanto a cultura elitizada?
Ainda precisamos enxergar o "mano" que está ao nosso lado, que vem dos morros, na favela. O olhar da criança que cresce e pode ter a esperança de conviver com os conterrâneos como numa roda de ciranda ou capoeira.
texto de Marieta Araújo, aluna acompanhada por mim no PIBID do Fernandes Lima, Barro Duro, Sitio São Jorge, Macéio.
terça-feira,
12 de agosto de 2014